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A Date in Minsk: A Vida Privada como um Ato Político

Num salão de bilhar escuro, dois jovens têm um date de Tinder. Tendo conversas mundanas sobre os seus interesses e episódios com ex-relações, tudo nisto parece algo banal, algo estranho para se registar num filme. O contexto e a premissa de " A Date in Minsk ", no entanto, tornam este filme e o seu conteúdo tudo menos algo banal. Tendo lugar no epicentro de um regime autoritário, que passa por um momento político conturbado, este filme revela a vida de dois jovens que vivem e sobrevivem neste ambiente. Depois de uma relação tóxica que dura há 8 anos, Nikita Lavretski , o realizador deste filme, e a sua namorada Volha Kavaliova (que estrelou nos filmes anteriores de Lavretski), decidem fazer um reboot à sua relação, criando um primeiro date de Tinder em que fingem que se conhecem pela primeira vez. A partir da mistura entre uma ficção rom-com (que às vezes faz lembrar os filmes da trilogia Before) e um estilo documental, apenas com um iPhone e dois microfones, a realidade de

Três Tigres Tristes: Libertação e Loucura Queer

Uma nova pandemia que provoca amnésia assola a humanidade. Na solidão deste mundo doente, três jovens queer deambulam por São Paulo, explorando as suas ruas cobertas por graffiti, expressão da angústia da cidade. Através da visão audaz de Gustavo Vinagre , acompanhamos uma jornada pela crise do capitalismo de uma perspetiva queer . Uma jornada noite adentro, quando pensamentos notívagos acordam e a realidade é substituída por loucura psicadélica sensual e sexual. "Três Tigres Tristes" é um retrato de uma cidade, de um país em declínio, e de um mundo mergulhado numa crise existencial. Durante tempos de crise, comunidades marginais tendem a ser silenciadas e esquecidas. Através do uso de uma pandemia que faz as pessoas esquecer, Vinagre cria uma alegoria inteligente sobre a condição em que estes três personagens se encontram, em que, estando isolados numa sociedade que os discrimina, têm de criar laços de apoio entre uns e outros. Começando com um tom de mumblecore , em que se

Joyland: Repressão e Libertação no Paquistão

A família é um lugar seguro. É onde encontramos segurança e amor, e é onde estão aqueles mais próximos de nós. Mas a família também tem outra face. Uma menos simpática, onde os mecanismos de opressão presentes na sociedade se manifestam e nos confinam. O seio da família é o primeiro lugar onde se reflete a opressão social, mas também é o primeiro lugar onde pode ser combatida. Através deste filme, elegantemente filmado, Saim Sadiq expõe esta realidade, revelando o drama que se desenvolve no seio de uma família paquistanesa e a forma como as diferentes pessoas dentro desta família são afetadas pelo seu ambiente claustrofóbico, focando no casal central de Joyland , Haider e Mumtaz, e no caso amoroso entre o primeiro e Biba, uma performer trans que trabalha num teatro erótico. Desde o primeiro momento, Sadiq puxa o espectador para o ambiente caloroso e claustrofóbico da família, fazendo com que nos identifiquemos com estas pessoas que observamos. São personagens em que se sente a carne e

Os Inocentes: a exploração do potencial da maldade

O jogo psicológico entre temas como a inocência, maldade, crueldade e violência, confere o mote principal de " Os Inocentes ", um filme do realizador Eskil Vogt (que também foi argumentista em "A Pior Pessoa do Mundo") e que está agora em exibição nas salas de cinema em Portugal, assim como também na plataforma de streaming  Filmin Portugal . A extraordinária força que este filme tem reside no facto de utilizar uma ideia simples e dar-lhe um twist fantasioso que encaixa perfeitamente na mensagem que o filme pretende transmitir. O filme é bastante intenso, do início ao fim, quase não deixando o público respirar, e isso é um dos seus pontos mais fortes, dando uma intensidade extra ao filme, e nunca deixando essa mesma intensidade baixar ou de lado, o que a nível narrativo é de louvar. Quando um grupo de crianças é confrontado com poderes que passam a ter, e que podem moldar o mundo à sua volta, temos reacções e rumos diferentes para cada uma delas, e o desenrolar das

Yard Kings: uma inocência quase perdida

A curta-metragem "Yard Kings" marca a primeira aventura cinematográfica realizada por Vasco Alexandre , e seria muito difícil iniciar-se uma carreira em realização com um filme tão sólido e interessante como este. Uma das maiores dificuldades que encontro em filmes de curta duração é a tentação que muitos realizadores e argumentistas têm de tentar incluir o máximo de história ou histórias em pouco tão pouco tempo, o que quase sempre não resulta. Por outro lado com o oposto, ou seja, praticamente nem existir uma narrativa ou moral a atribuir ao filme, fica também difícil de produzir um resultado agradável e que, principalmente, fique na memória do público. Ora em " Yard Kings " existe um equilíbrio muito eficaz a nível da narrativa, conseguindo, em cerca de 15 minutos, construir um início, meio e fim, com uma história simples mas eficaz, e sobretudo uma mensagem emotiva que não precisava nem de mais nem de menos para ser bastante interessante. Acrescentado a isso, to

Nunca Nada Aconteceu: vários dramas num só filme

O que existe de mais positivo em ' Nunca Nada Aconteceu ' é, infelizmente, aquilo que tem de mais negativo. Ou seja, a premissa do filme tem um poder dramático muito forte e interessante, mas ao decorrer do filme somos confrontados com diversos dramas e linhas narrativas, que fica difícil criarmos uma ligação com todas elas, e ficamos com a sensação que fica bastante por ser dito e revelado. Com a realização de Gonçalo Galvão Teles , o filme apresenta-se bem realizado e tecnicamente competente, mostrando-se aqui uma vez mais o poder que os filmes portugueses podem ter, estando, sem dúvida, a um nível de profissionalismo que compete com qualquer outro filme contemporâneo deste género. As personagens apresentadas são sem dúvida o foco da história, e isso acrescenta um peso maior ao elenco, contudo todo o elenco é capaz de se entregar de corpo e alma, e as interpretações conseguem ser o ponto mais positivo deste filme. Devo, no entanto, ter de destacar as interpretações do falecid

Fogo-Fátuo: Um delírio absurdamente queer

Fantasia e delírio. Desde o primeiro momento somos confrontados com o absurdo que permeia esta autointitulada fantasia musical de João Pedro Rodrigues . Uma lembrança fantasiosa de uma vida imaginada de um príncipe, de nome Alfredo, que decide ser bombeiro. Não um mundo realista, mas um imaginado, um mundo sonhado que emana a mais intoxicante, alucinante e deliciosa queerness . Fogo-Fátuo é um filme que nos desafia, mas, através do absurdo, nos seduz para o seu mundo intimamente pessoal. É um musical, uma fantasia, uma sátira, um humor ácido e deliciosamente queer que envolve cada momento, desde comentário sobre as alterações climáticas a imagens eróticas de bombeiros saídos de uma fantasia sexual gay. Nada está a salvo de uma visão irónica neste filme, e é isso que o torna tão impactante. Seja o romance do filme, o erotismo dos corpos masculinos que habitam este mundo de fantasia, a própria masculinidade, tudo é distorcido por uma visão irónica do mundo que coloca as suas estruturas

O Fotógrafo de Minamata: uma realidade cruel da condição humana

Infelizmente para o mundo em que vivemos, existem demasiadas histórias como Minamata , assim como filmes e séries que relatam essas mesmas histórias. E digo infelizmente porquê? Digo-o porque histórias sobre vidas e comunidades inteiras que já foram completamente destruídas por desastres ecológicos produzidos por grandes empresas e fábricas são demasiadas, e com certeza que existem muitas histórias ainda por contar, outras que nunca se vão chegar a conhecer, e ainda futuras histórias e relatos. Se isto fosse tudo somente ficção ou fantasia não haveria problema algum, mas entristece-me que não o seja. E este filme relata exactamente uma dessas histórias, pela perspectiva de W. Eugene Smith , o Fotógrafo de Minamata, que dedicou o seu último trabalho enquanto fotojornalista para ajudar na divulgação de um crime hediondo que estava a ocorrer naquela zona há anos e anos. O filme em si é competente, não sendo algo de extraordinário a nível técnico ou narrativo, sendo muito convencional ness

Criança Lobo: um mito perturbador

Um dos destaques da edição deste ano do MotelX é o filme português " Criança Lobo ", realizado por Frederico Serra ("Coisa Ruim"). Todo o filme relata uma história de uma lenda ou mito, numa localidade em Portugal, e consegue capturar bem todo o espírito e ambiente que este tipo de história por norma nos transporta para. E nisso o filme é bastante eficaz, estando tecnicamente muito bem concretizado e produzido. No entanto, parece-me que lhe falta alguma ambição narrativa, sendo que os momentos mais fortes e com maior tensão ficam aquém daquilo que estamos à espera, e fiquei com a sensação que o filme poderia ter ido mais longe. Como disse, toda a componente técnica está bem executada, assim como a realização e o elenco, mas tenho de destacar a interpretação de Manuel Nabais , como o protagonista desta história, que faz realmente um papel poderoso e entrega-se completamente a esta personagem e à sua ambiguidade e constante dúvida que a caracteriza. Vale a pena també

Bodies Bodies Bodies: uma comédia de terror pouco ambiciosa

O sessão de abertura da edição deste ano do MotelX ficou a cargo de " Bodies Bodies Bodies ", realizado por Halina Reijn . O filme retrata uma festa entre jovens americanos muito ricos, que vai correr bastante mal. Com um estilo próprio de comédia de terror, o filme tem os seus momentos engraçados e consegue espelhar de forma inteligente uma parte de uma geração adolescente que tem tudo ao seu dispor, e onde a futilidade reina. Contudo não consegue ser mais do que isso, não consegue ir além da categoria em que o próprio filme se auto insere, não deixando aquela vontade que ocorre em outros filmes de o revisitarmos ou de ficar muito na nossa memória. Os plot twists aqui apresentados estão engraçados e deixam o espectador muitas vezes na dúvida, criando assim uma narrativa interessante. Todo o elenco tem actuações decentes e cumprem o seu papel. Resumindo, o filme consegue entreter e exibir um lado mais contemporâneo no género de terror , o que por si só é interessante, mas não

Listen: um drama irritantemente poderoso

Pode-se dizer que são poucas as pessoas que na primeira longa-metragem que realizam conseguem arrecadar tantas nomeações e prémios, assim como apresentar uma obra forte num estilo próprio. Ana Rocha de Sousa consegue este feito. " Listen " é um daqueles dramas fortes que enche diversos corações e caras de lágrimas, mas o que torna este drama distinto de tantos outros é a forma como consegue irritar o público. E atenção, não estou a falar num mau sentido, mas sim num óptimo sentido, porque para além de conseguir agarrar o espectador na narrativa e na viagem sentimental com que aquelas personagens passam, consegue também irritar com as situações sociais apresentadas e com a forma como as burocracias institucionais e outras questões de leis, etc., são por vezes tão desligadas da realidade, que fabricam cenários completamente ridículos e desprovidos de humanidade. Este filme não agradará certamente todas as pessoas, mas é, sem dúvida alguma, um primeiro grande passo na carreira d

Canino: uma criação distópica de Yorgos Lanthimos

Já se pode dizer que o realizador Yorgos Lanthimos tem vindo a habituar o público a filmes distópicos, criando mundos paralelos e únicos, que têm tanto de estranho como de belo, por exemplo " A Lagosta " ou " O Sacrifício de Um Cervo Sagrado ". Mas foi com o seu filme "Canino" (2009), que Lanthimos conseguiu exibir o seu estilo e a sua abordagem aventureira em relação ao cinema e a assuntos muito próprios, criando um desconforto realmente interessante em quem está a assistir, que não consegue desviar a sua atenção e é 'obrigada' a pensar naqueles temas e a levar uma parte do filme consigo. Em Canino o realizador explora um mundo onde um casal educa os seus filhos sem que estes tenham qualquer contacto com o exterior, estão completamente isolados (com excepção de uma pessoa que os visita). Os filhos já adultos têm comportamentos infantis e acreditam em regras e leis absurdas, que para eles confere-lhes a única realidade e a verdade. Estas realidades

Men: um suspense pouco ambicioso

O realizador Alex Garland , de "Ex Machina" ou "Aniquilação", leva agora ao grande ecrã o filme " Men " que se apresenta num estilo que está em linha com os seus filmes anteriores, mas que fica aquém daquilo que promete e a que já estamos habituados com os seus trabalhos, podendo muito ser o seu primeiro esforço menos eficaz enquanto escritor e realizador. Não quero com isto dizer que o filme não tem os seus momentos, que os tem, e conseguem deixar o público boquiaberto (principalmente numa cena muito específica). O que aqui é interessante na narrativa, e premissa, fica depois em falta quando no final tudo é revelado e ficamos com aquela sensação de que soube a pouco e de que esta premissa merecia muito mais, ou melhor, poderia ter ido muito mais além do que foi. E digo isto mesmo que isso implicasse um final super bizarro ou aterrador, ou que gerasse uma grande controvérsia e deixasse o público pasmado com o que acabara de ver. Pelo menos assim este filme

Quando neva na Anatólia: um drama moral intenso

Algumas das escolhas que fazemos ao longo das nossas vidas têm um impacto diferente no rumo que a vida de cada um tem, e há certas situações que nos marcam para sempre, principalmente quando escolhas difíceis ou inquietantes são tomadas enquanto somos crianças ou adolescentes. Estamos numa fase da vida em que tudo pode ser moldado, em que as nossas crenças e valores estão a ser desenvolvidos e construídos, e onde a aprendizagem no dia-a-dia é muito mais marcante e intemporal. Este aspecto muito importante na vida de qualquer pessoa é explorado com mestria na obra " Quando neva na Anatólia ", onde num internato os professores ensinam jovens de acordo com regras muito restritas e uma rigorosa monitorização. Certo dia um dos rapazes encontra-se bastante doente, e a ineficácia conjunta de todos os adultos que gerem aquele local vai sendo gradualmente revelada, de uma forma tão irritante e enervante, que é exactamente aí onde reside a beleza deste filme e a forma única como conseg

Salve Satanás?: Um documentário controverso mas inspirador

Este será certamente um documentário único, goste-se ou não dele, porque segue um movimento religioso que é completamente diferente, e diria que muito mais corajoso, no sentido em que desafia a normalidade num meio que, apesar de ter tantas diferenças entre as diversas religiões e seitas que existem por esse mundo fora, pretende pregar sempre o lado bondoso e generoso, que se apresenta sempre do lado bom contra o lado mau. Aqui temos o oposto. O grupo religioso " O Templo Satânico " abraça a sua origem satânica, e o filme transporta-nos para um outro lado da religião, o lado que opõe-se a todos os outros e que vai testar os limites da liberdade religisa, da fé e de nós próprios enquanto crentes ou não. Num estilo linguístico que não consegue desprender-se de momentos cómicos pela sua estranheza e mesmo confusão, o filme consegue estabelecer uma narrativa e um fio condutor, documentando a origem e evolução deste grupo e os obstáculos que enfrentam. E é essa mesma estranheza co

O Telefone Negro: Um regresso ao terror do passado

Scott Derrickson tem realizado alguns dos mais emblemáticos filmes de terror do século 21. “O Exorcismo de Emily Rose” (2005) e “Sinister” (2012) tornaram-no um dos realizadores mais cobiçados do terror psicológico a trabalhar em Hollywood. Esta nova longa-metragem, adaptação de um conto de Joe Hill, traz-nos um triplo reencontro entre Derrickson, C. Robert Cargill e Ethan Hawke e o resultado dificilmente poderia ser mais satisfatório. “ The Black Phone ” é um regresso temporal ao passado, à década de ouro do terror em Hollywood (“Carrie”, “Texas Chainsaw Massacre”, “The Exorcist” todos foram feitos nos anos 70), não deixando de representar uma lufada de ar fresco naquilo que tem sido o Cinema de terror moderno. Passada nos subúrbios de Denver, em 1978, esta é a história de Finney, um rapaz de 13 anos que é raptado e preso numa cave à prova de som pelo assassino em série “The Grabber”. A narrativa é simples e o desfecho final previsíveis, este não é um filme que satisfaz o espectador p

Top Gun: Maverick - Um acontecimento para o grande ecrã

Muito se tem falado de Tom Cruise nos últimos meses, dos mais elevados e merecidos elogios, aos naturais exageros de uma figura que se tornou maior do que a sua própria pessoa. Já há muito tempo que o ator norte americano ganhou um lugar de respeito em Hollywood, solidificado por papéis versáteis em filmes como “Jerry Maguire”, “Magnolia”, “Eyes Wide Shut” ou a saga de cinco filmes de ação “Missão Impossível”. O seu percurso em Hollywood é quase único, de um ator que soube constantemente readaptar-se e manter-se relevante numa indústria em constante mudança. O principal ponto de partida para esta carreira, agora com mais de 40 anos, aconteceu quando, em 1986, estreou “Top Gun”. Apesar de não ser o maior fã do filme original consigo perceber o marco que este representou na cultura pop dos anos 80. Ninguém consegue ficar indiferente à música, acrobacias aéreas ou companheirismo de Pete Mitchell e amigos. Acontece que, 36 anos depois, num período onde o Cinema de grande orçamento parece

Laranjas Sangrentas: um filme alucinante, no bom sentido.

Não me lembro se alguma vez vi um filme que me tenha feito chorar de tanto rir e minutos depois estar a provocar-me verdadeiras náuseas e a fazer-me sentir agoniado e aterrorizado. Mas agora certamente que me vou lembrar, porque " Laranjas Sangrentas " provocou isso tudo em mim, não de forma aleatória ou incompreensível, mas de forma bastante intencional e com um brilhantismo na narrativa e nas pontes que se criam entre as diversas histórias que são aqui desvendadas. O traço mais forte deste filme de Jean-Christophe Meurisse é a sua amostra da realidade nua e crua de muitas sociedades dos dias que correm, com um toque de profunda sensibilidade, nunca deixando o espectador confortável ou sem se questionar ao ponto a que a sociedade evoluiu e como 'chegámos aqui', como as interligações humanas e sociais conseguem construir cenários por vezes tão distópicos ou macabros e cruéis em toda a sua essência, ficando nós, público, com um sentimento de inutilidade ao observarmos

Drive My Car: um filme emocionante que tem de ser bem escutado

O filme revelação da temporada, Óscar de Melhor Filme Internacional e Prémio FIPRESCI em Cannes vai ficar disponível na Filmin Portugal a partir do dia 9 de Junho. Uma verdadeira obra-prima que consolidou o seu  realizador, Ryusuke Hamaguchi , como um dos mais populares autores asiáticos do momento. "Drive My C ar" é baseado num conto do livro “Homens sem Mulheres” de Haruki Murakami . Um homem e uma mulher, quando fazem sexo, contam um ao outro uma história que pode vir a ser  uma série televisiva. Mas essa história será pura ficção? Ou existe algo mais escondido nas implicações, nos  detalhes mais picantes? O desejo de contar algo sobre que não haveria coragem de dizer de outra  forma?  Quem já viu o filme anterior de Ryusuke Hamaguchi (' Roda da Fortuna e da Fantasia ', que também está disponível  na Filmin Portugal) sabe que as palavras para o realizador japonês nunca são neutras, sempre revelam algo  sobre nós mesmos. Assim é em 'Drive My Car', onde a av

Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo: um filme em muitos universos

Muita imaginação e aparente confusão podem ser as palavras certas para falar sobre este filme, mas aqui encontramos muito mais do que isto, e uma história pessoal que poderá surpreender muitas das pessoas que estarão à espera de um festival de acção e efeitos especiais, que também os há, mas que podem não estar a contar com uma narrativa tão sentimental e com uma carga dramática que com certeza não é o que retiramos dos trailers e teasers deste " Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo ". O ponto mais forte deste filme é, sem dúvida, o seu aspecto 'único', ou seja, temos a sensação de estarmos presentes um filme que nunca vimos antes e que não conseguimos comparar com nada do que já vimos antes, e isso tem por si só já imenso valor narrativo e cria uma aura especial a esta obra. É um facto também que este filme cria uma atmosfera única que nos consegue envolver, mas também surpreende pelo facto de que a narrativa tem um objectivo muito próprio que é revelado mais para o fi