Avançar para o conteúdo principal

Men: um suspense pouco ambicioso


O realizador Alex Garland, de "Ex Machina" ou "Aniquilação", leva agora ao grande ecrã o filme "Men" que se apresenta num estilo que está em linha com os seus filmes anteriores, mas que fica aquém daquilo que promete e a que já estamos habituados com os seus trabalhos, podendo muito ser o seu primeiro esforço menos eficaz enquanto escritor e realizador. Não quero com isto dizer que o filme não tem os seus momentos, que os tem, e conseguem deixar o público boquiaberto (principalmente numa cena muito específica).

O que aqui é interessante na narrativa, e premissa, fica depois em falta quando no final tudo é revelado e ficamos com aquela sensação de que soube a pouco e de que esta premissa merecia muito mais, ou melhor, poderia ter ido muito mais além do que foi. E digo isto mesmo que isso implicasse um final super bizarro ou aterrador, ou que gerasse uma grande controvérsia e deixasse o público pasmado com o que acabara de ver. Pelo menos assim este filme teria sido mais memorável e teria até a capacidade de gerar boas conversas e discussões no 'passa a palavra', mas infelizmente não creio que isso vá acontecer.

Agora, o que consegue surpreender aqui são algumas cenas (poucas, infelizmente), que têm o toque do realizador e conseguem deixar qualquer pessoa no mínimo sem reacção, e com isso surpreender. Mas essas mesmas cenas surpreendem mais pelo factor choque do que propriamente por uma ligação forte às temáticas aqui abordadas, como os conflitos em relações, a chantagem emocional, o papel do homem e da mulher em relações amorosas, e também no conflito interno de uma personagem que pretende espairecer após a morte trágica do seu ex-marido, e as consequências que daí advém. Os simbolismos aqui apresentados contam mais como uma fonte de distracção do que propriamente uma adição interessante ao desenrolar da história.

As excelentes interpretações de Jessie Buckley e Rory Kinnear também contribuem para um trabalho decente e interessante, pelo que não poderia deixar de destacar aqui essas duas interpretações. O filme estreia hoje, dia 4 de Agosto nas salas de cinema em Portugal, após ter sido exibido no Cinema São Jorge, aquando da apresentação da programação do festival MotelX deste ano.

Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.

Men: um suspense pouco ambicioso

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Milan Kundera, da Brincadeira à Insignificância": um filme sobre o legado de Milan Kundera

Milan Kundera é um autor envolto em mistério. Não aparece em público e, em 30 anos, não deu uma única entrevista pelo que apenas podemos conhecê-lo através do seu trabalho. Os seus ensaios e reflexões filosóficas são muito reveladores. Este filme, além de outras questões, leva-nos a interrogar: O que é que na obra de Kundera, o elevou ao estatuto de autor lendário? O que há de tão único nos seus livros? Ajudando-nos neste trabalho de investigação, está um estudante que tem uma fantástica oportunidade para conseguir uma entrevista. Após semanas de espera, num café à porta da casa de Kundera, enquanto lê as suas obras, começa a identificar-se com algumas das ideias do autor. É através deste estudante que começamos a perceber melhor a mensagem de Kundera, como e porquê que as suas estórias continuam a emocionar-nos e que pensamos, não apenas nos protagonistas, mas também em nós próprios. Milan Kundera nasceu a 1 de abril de 1929, em Brnö, na antiga Checoslováquia. Em 1975, fixou-se em Par

MOTELX 2022 - Os Filmes Vencedores da 16.ª edição

"Vórtice", de Guilherme Branquinho, é o grande vencedor do Prémio SCML MOTELX para melhor curta-metragem portuguesa, na 16.ª edição do MOTELX. "Speak No Evil", do dinamarquês Christian Tafdrup, arrecada o Prémio Méliès d’argent para melhor longa-metragem europeia. Já são conhecidos os vencedores da 16.ª edição do MOTELX, que desde 6 de Setembro tem mostrado o melhor do cinema de terror nacional e internacional, num ano surpreendente e repleto de público e de fãs. O Festival termina hoje com alguns dos filmes da programação já exibidos e, pelas 21h15, com uma nova oportunidade para assistir às melhores curta e longa europeias. Foram anunciados, na noite passada, durante a Sessão de Encerramento da 16.ª edição do MOTELX, na sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, os vencedores das 5 competições do Festival. O Prémio SCML MOTELX - Melhor Curta Portuguesa 2022 - a maior distinção concedida em Portugal para curtas-metragens (5.000€), com o apoio da Santa Casa da Mis

Dario Argento regressa ao MOTELX para apresentar o seu novo filme “Dark Glasses”

O mestre do terror italiano, o realizador Dario Argento , regressa ao MOTELX para a 16.ª edição do Festival, que decorre entre os dias 6 e 12 de Setembro, no Cinema São Jorge . O mote é a estreia nacional de “ Dark Glasses ” (Itália, França, 2022), o novo giallo do realizador de culto, que recupera as marcas autorais do seu legado e assinala o reencontro com a filha Asia Argento no grande ecrã. O cineasta, que foi convidado especial há precisamente 10 anos, na 6.ª edição do MOTELX, é ainda protagonista de uma masterclass onde vai abordar os seus processos criativos, completada por um Q&A com a plateia e por uma sessão de autógrafos, durante o Festival. Para Pedro Souto e João Monteiro, os directores artísticos do MOTELX, Dario Argento “é a maior lenda do cinema europeu de terror, que teve uma tremenda influência no cinema norte-americano e continua a ser uma referência para muitos cineastas, basta lembrar o recente remake de “Suspiria” ou o papel de protagonista no último filme de