Avançar para o conteúdo principal

Fuga de Pretória: Uma fuga histórica num filme mediano



"Fuga de Pretória" é um filme de 2020 que relata uma história real que ocorreu na África do Sul na altura do apartheid, onde dois jovens, Tim Jenkin e Stephen Lee, activistas anti-apartheid e membros do African National Congress de Nélson Mandela, são presos e condenados a extensas penas de prisão e vão criar um plano de fuga para continuarem a sua luta na sociedade civil. Filme disponível para streaming na Filmin.

O filme é bastante simples e tem uma narrativa muito directa e é exactamente aquilo a que se propõe, tal como indicado no próprio título do filme. Apresenta-nos uma prisão num tempo e espaço e um plano de fuga que começa a ser desenhado e construído à medida que o tempo passa, e que no final é concretizado e depois o filme termina.

Não existe muito espaço dado ao drama pessoal e humano que uma situação destas acarreta, focando-se demasiado na fuga em si e pouco nas personagens e nas suas fragilidades, havendo um apontamento ou outro, mas que poderia ter sido mais explorado ou de outra perspectiva. Existem contudo alguns momentos de tensão que estão bem criados e que encaixam na dinâmica do filme, deixando o espectador ligeiramente tenso, mesmo que sejam em parte bastante previsíveis. No entanto o engenho e a forma como as personagens vão moldando o seu plano de fuga e criando alternativas a cada obstáculo que têm de enfrentar é o que realmente dá mais força ao filme e deixa-nos realmente impressionados quando pensamos que esta é uma história real e que aqueles acontecimentos foram mais ou menos assim e que a fuga foi possível sem que ninguém tivesse uma suspeita real do que se estava a passar durante todo aquele tempo. 

Este é portanto um filme tipicamente educacional, que conta uma história verídica e guia-se por um guião simples e formatado, sem nenhum rasgo de genialidade ou de um posicionamento mais criativo. Nestes casos eu aconselho este tipo de filmes para quem se interesse por estas histórias específicas, senão não valerá muito assistir ou ir ao desengano.

O elenco é todo ele competente, mas verdade seja dita que já vimos Daniel Radcliffe em personagens e filmes mais interessantes nestes últimos anos como "Guns Akimbo" ou "Swiss Army Man", não querendo com isto desvalorizar este filme ou a sua prestação aqui. O mesmo se poderia dizer de Daniel Webber, mas sinto que a sua personagem aqui é mais secundária do que principal e a sua performance não é nem mais nem menos aquilo que se esperaria dela.

Como disse anteriormente este filme valerá a pena ver por uma questão de curiosidade sobre esta história e de forma educacional, conseguindo concretizar com profissionalismo aquilo a que se propõe.

Classificação: 3 em 5 estrelas. Texto escrito por André Marques.

Fuga de Pretória: Uma fuga histórica num filme mediano

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Milan Kundera, da Brincadeira à Insignificância": um filme sobre o legado de Milan Kundera

Milan Kundera é um autor envolto em mistério. Não aparece em público e, em 30 anos, não deu uma única entrevista pelo que apenas podemos conhecê-lo através do seu trabalho. Os seus ensaios e reflexões filosóficas são muito reveladores. Este filme, além de outras questões, leva-nos a interrogar: O que é que na obra de Kundera, o elevou ao estatuto de autor lendário? O que há de tão único nos seus livros? Ajudando-nos neste trabalho de investigação, está um estudante que tem uma fantástica oportunidade para conseguir uma entrevista. Após semanas de espera, num café à porta da casa de Kundera, enquanto lê as suas obras, começa a identificar-se com algumas das ideias do autor. É através deste estudante que começamos a perceber melhor a mensagem de Kundera, como e porquê que as suas estórias continuam a emocionar-nos e que pensamos, não apenas nos protagonistas, mas também em nós próprios. Milan Kundera nasceu a 1 de abril de 1929, em Brnö, na antiga Checoslováquia. Em 1975, fixou-se em Par

MOTELX 2022 - Os Filmes Vencedores da 16.ª edição

"Vórtice", de Guilherme Branquinho, é o grande vencedor do Prémio SCML MOTELX para melhor curta-metragem portuguesa, na 16.ª edição do MOTELX. "Speak No Evil", do dinamarquês Christian Tafdrup, arrecada o Prémio Méliès d’argent para melhor longa-metragem europeia. Já são conhecidos os vencedores da 16.ª edição do MOTELX, que desde 6 de Setembro tem mostrado o melhor do cinema de terror nacional e internacional, num ano surpreendente e repleto de público e de fãs. O Festival termina hoje com alguns dos filmes da programação já exibidos e, pelas 21h15, com uma nova oportunidade para assistir às melhores curta e longa europeias. Foram anunciados, na noite passada, durante a Sessão de Encerramento da 16.ª edição do MOTELX, na sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, os vencedores das 5 competições do Festival. O Prémio SCML MOTELX - Melhor Curta Portuguesa 2022 - a maior distinção concedida em Portugal para curtas-metragens (5.000€), com o apoio da Santa Casa da Mis

Dario Argento regressa ao MOTELX para apresentar o seu novo filme “Dark Glasses”

O mestre do terror italiano, o realizador Dario Argento , regressa ao MOTELX para a 16.ª edição do Festival, que decorre entre os dias 6 e 12 de Setembro, no Cinema São Jorge . O mote é a estreia nacional de “ Dark Glasses ” (Itália, França, 2022), o novo giallo do realizador de culto, que recupera as marcas autorais do seu legado e assinala o reencontro com a filha Asia Argento no grande ecrã. O cineasta, que foi convidado especial há precisamente 10 anos, na 6.ª edição do MOTELX, é ainda protagonista de uma masterclass onde vai abordar os seus processos criativos, completada por um Q&A com a plateia e por uma sessão de autógrafos, durante o Festival. Para Pedro Souto e João Monteiro, os directores artísticos do MOTELX, Dario Argento “é a maior lenda do cinema europeu de terror, que teve uma tremenda influência no cinema norte-americano e continua a ser uma referência para muitos cineastas, basta lembrar o recente remake de “Suspiria” ou o papel de protagonista no último filme de